Conhecidos como DAA (Dispositivo de Abertura Automática), em inglês AAD (Automatic Activation Device) dispositivo de ativação automática, estes equipamentos são responsáveis, como o próprio nome diz, por realizar a abertura automática do paraquedas reserva.
Em 1990 a Airtec, pioneira no desenvolvimento do dispositivo eletrônico, empresa composta por cinco amigos/cientistas, desenvolveram, redesenharam e adaptaram o equipamento para uso esportivo, até então o mesmo (tipo eletrônico) já existia, mas era utilizado para outros fins, usado pela NASA, os dispositivos tinham a função de abrir as pás dos satélites assim que os mesmos chegassem em órbita, incorporado a NASA esses equipamentos são sinônimo de eficácia e sucesso até os dias de hoje. A Airtec criou então em 1991 o conhecido Cypres1 o primeiro DAA eletrônico.
Com o surgimento de novos DAA’s e sua obrigatoriedade, é importante que todos os paraquedistas conheçam o seu dispositivo, como ele funciona, e como operá-lo corretamente.
Todos os modernos DAA’s tem um design semelhante, originado do Cypres 1 (Airtec), mas com diferenças entre si, que podem causar problemas e acidentes se usados incorretamente.
No Brasil são utilizadas duas principais marcas que exploraremos mais adiante, antes conheça alguns tipos de equipamentos.
Tipos de DAA
Existem 2 tipos de disparadores automáticos, os mecânicos (mais antigos) e os eletrônicos (atuais).
Mecânicos
Funcionam por variação de pressão, ou seja, caso a pressão varie rápido demais na altura programada ele dispara, acionando o paraquedas reserva. Sua operação é simples, antes de cada salto é colocado na posição Jump (cor vermelha) a chave seletora, verificando a indicação no painel e procederá a regulagem para a altura desejada através da chave de ajuste de altura, simples assim e o disparador automático estará ativado.
Alguns exemplos:
Fabricante / Modelo
FXC / Model 12000
Hi Tek / Model 8000
SSE / Sentinel
2MPZ / KAP-3
Eletrônicos
Estes tipos normalmente empregam uma pequena carga pirotécnica para romper o ciclo de fechamento do reserva, permitindo que o piloto reserva seja liberado para abrir o paraquedas, em seu conjunto há um micro computador responsável pela regulagem de altura e liberação da explosão para o corte da linha do reserva, este é feito através de uma potente guilhotina, um cortador (cutter), que por sua vez secciona o loop de fechamento do reserva quando atingidas a altura e velocidade programada.
O Vigil por exemplo, a uma altura do solo de 840 pés e a uma velocidade de cerca de 126 km/h aciona o corte do loop do reserva e permite o início da abertura do reserva, que se devidamente dobrado estará aberto a uma altura entre 500 e 200 pés de altura do solo.
Alguns exemplos:
Fabricante / Modelos
Airtec / Cypres1, Cypres2
Aviacom / Argus
FXC / Astra
MarS / MPAAD/M2
Advanced Aerospace Designs / Vigil, Vigil 2
Nesta abordaremos os dois modelos de DAA eletrônicos mais utilizados no Brasil, o Vigil e o Cypres.
Diferenças entre os DAA’s
A primeira diferença entre o Cypres e o Vigil é a altura em que eles se tornam “ativos”.
Ambos os fabricantes tem suas razões, se após a decolagem você fizer uma saída de emergência a 1200 pés com um Cypres, ele ainda não estará ativo, portanto não vai disparar. Se o fizer a mesma saída com um Vigil, esse pode disparar seu reserva.
Os dois aparelhos se desligam ao cruzar uma altura de cerca de 150 pés.
A segunda diferença é o sistema de auto desligamento.
O Cypres desliga-se 14 horas após ter sido ligado, mesmo que você esteja voando ou saltando, se for realizar um salto no final do período de 14 horas, deve desligá-lo e religá-lo novamente para ter mais um período de 14 horas de funcionamento.
O Vigil fica o tempo todo verificando se ele está na altura em que foi ligado, se você estiver 150 pés acima ou abaixo desta altura ele ficará ligado até retornar a altura onde ele foi ligado.
Isso pode causar um problema, se você levar seu equipamento ligado para casa e ela possuir esta diferença de altura, ele ficará ligado por vários dias ou até semanas gastando a bateria, e se você se deslocar a outra área de salto com ele ligado, poderá ter um disparo acidental muito mais alto ou baixo que o desejado.
Caso o Vigil fique operando em uma área dentro da altura de até 150 pés, ele se desligará sozinho 14 horas após ligado.
A terceira diferença é como a altura de referência é armazenada na unidade.
Se você programar um Cypres para saltar e pousar em uma outra área diferente do aeroporto de onde vai decolar, ao retornar ao aeroporto o Cypres vai se regular novamente para a altura onde ele foi ligado, se você for fazer outro salto na área com diferença de altura, você deve desligar o Cypres e reprogramá-lo novamente. O Cypres 2 ao ser ligado mostra a última correção de altura que foi programada, é só selecioná-la, o Cypres 1 tem de ser programado todas as vezes pois não tem memória.
O Vigil memoriza a altura que foi selecionada, e mesmo desligando e ligando ele continuará com esta correção. Por isso quando esta correção de altura não for mais necessária você tem de reprogramá-lo. A altura de correção sempre aparecerá no visor do Vigil, seguida da letra que indica o modo (P,S ou T) Pro, Student ou Tandem.
Garantia e Vida útil
O Vigil tem garantia de 2 anos isento de revisões, sua vida útil esperada é de 20 anos.
O Cypres oferece 12 anos de garantia, o mesmo tempo de vida útil esperado, porém se faz obrigatória as revisões a cada 4 anos, a desvantagem é que o serviço é pago e pode demorar meses entre o envio, o serviço, e o retorno para reinstalação.
Conheça seu equipamento
Sempre consulte o manual do fabricante do seu equipamento, na dúvida consulte seu Rigger. (Recomendamos a Sky Help Parachutes Serviçe)
Confira os manuais dos principais DAA no mercado:
Estatísticas:
Lista de acionamentos do Cypres
(list of Cypres saves)
Testemunhos de acionamentos extraordinários do Cypres
(list of extraordinary saves)
Lista de acionamentos Vigil
(list of Vigil saves)
IMPORTANTE:
– Sempre ligue e desligue seu DAA na área;
– Verifique o modo em que ele esta programado;
– Observe “erros” ao ligá-lo e durante a atividade na área;
– Nunca salte com um visor em branco;
– Cuide para que o ciclo de 14 horas seja respeitado, desligue e ligue novamente se for usá-lo por mais tempo, (saltos noturnos por exemplo);
– Somente configure uma altura diferente se for saltar em outra área;
– Ao realizar um pouso fora da área e for retornar a pé ou de carro, desligue-o e só religue quando chegar novamente na área.
Somente o uso correto do equipamento de paraquedismo vai garantir sua segurança.
– No Brasil este equipamento é OBRIGATÓRIO segundo o código desportivo da Confederação Brasileira de Paraquedismo que no artigo 76 aplica-se “É obrigatória a utilização de dispositivo de abertura automática do reserva (DAA) ligado devidamente em dia com as manutenções previstas pelo manual do fabricante, para todas as categorias.” Segundo parágrafo: Somente praticantes de Swoop utilizando velames de alta performance poderão abrir mão do uso do DAA exclusivamente para saltos de treinamento de swoop onde a altura máxima de saída seja 5.000(cinco mil) pés.
Conhecimento, treinamento e condicionamento são suas salvaguardas no paraquedismo, use bem seu DAA, revise sempre seus procedimentos de emergência e consciência de altura. Evite depender do seu DAA.
🙂 Enjoy
Por Alessandro Luchiari (Luchiari)
Paraquedista filiado a CBPq desde 1994
Formado pelo Clube Escola Azul do Céu Paraquedismo
Fontes:
Vigil: http://www.vigil.aero/
Cypres: http://www.cypres.cc/index.php?option=com_content&view=article&id=127&Itemid=1&lang=en
USPA: http://www.uspa.org/Default.aspx?tabid=173&Term=Automatic Activation Device (AAD)
Sky Help Parachute Services : https://www.facebook.com/skyhelpparachutes/info
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